quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Acabou o Carnaval?

Chegou ao fim, pelo menos oficial, mais um carnaval. Este, porém foi um pouco diferente para mim. Desde que me considero gente, minha mãe sempre nos levava (eu e meu irmão) ao Cordão do “Bola Preta”, era já uma tradição nos meus carnavais infantis e pré-adolescentes, já que pouco viajava. Lembro de uma única vez apenas de ter viajado para Araruama, devia ter uns 10 anos. Enfim, em todo sábado de carnaval, a gente acordava cedo e ia pra aquele encontro enorme de pessoas que acontecia na Cinelândia a partir das 9 da manhã (quando era pequena não tinha noção que era na Cinelândia, só tinha noção da hora mesmo, pois era bem cedo). Lembro que era a única época do ano, que eu via um número grande de homens vestidos de mulher, com aqueles batons borrados, e perucas bagunçadas, todos muito sorridentes, dançando ao ritmo das marchinhas. Principalmente: “quem não chora, não mama, segura meu bem a chupeta, lugar quente é na cama, ou então no Bola Preta...” Claro, só fui compreender a intenção dessa música alguns anos depois.
E aí, depois dos 14 anos, cheguei na fase revolt da minha vida(!). Só ouvia rock’n’roll, quando não metal, e parei de curtir o carnaval de rua (até pq só ia mesmo pro bola preta com minha mãe). Só voltei pra farra mesmo uns três anos depois, só que ainda não suportava (e até hoje não suporto) essas multidões que se arrastam num “esfrega-esfrega” só pelo carnaval, e arranjam a partir daí motivos de se agarrar e se beijar como se fosse a coisa mais normal do mundo. Acho isso completamente desnecessário!
Aos 18, eu trabalhei antes, durante, e após o carnaval, e trabalhei muito, como guia de turismo, fiquei buscando e levando pessoas do aeroporto aos hotéis, e de lá ao sambódromo ( e assim assisti pela primeira, e última vez ao desfile das escolas de samba). Nem preciso falar o quão mercadológico se tornou os desfiles, principalmente o desfile do grupo especial (acho que as escolas do grupo de acesso ainda consegue manter uma ligação maior com suas comunidades e ainda fazem um desfile mais crítico , apesar de mais simples. Porém ainda mantenho um certo desprezo pro “carnaval” no sambódromo, perdeu muito da essência da cultura do povo, que carregava antes de entrar pra passarela do samba(na época dos desfiles na Rio Branco).
Ano passado quebrei o pé em janeiro e fiquei fritando em casa os dois meses mais quentes do ano, janeiro e fevereiro. E esse ano finalmente, consegui conhecer o carnaval de rua do Rio de Janeiro, e confesso, nunca senti uma energia tão positiva, e viva quanto senti esses últimos 5 dias... Procurei ir aos menores blocos da cidade, pra evitar aqueles pit-boys que ficam espalhados ensandecidos pela cidade essa época do ano, e para evitar também confusões e assaltos, afinal aqui o bicho pega. Dei sorte, ou fiz boas escolhas, não sei, não peguei nenhuma confusão em bloco algum, consegui fotografar cenas lindas (estreei minha câmera analógica) e conheci pessoas fabulosas, alguns viraram até amigos de infância, que o digam Sebastien Pedro e Camila, hehehe. Cada vez mais me sinto parte dessas pessoas, que pegam uns instrumentos de percussão e saem às ruas tocando e cantado músicas que nos deixam um pouco mais alegres. O problema que uma hora, isso tudo passa, e a vontade de continuar nessa vibe é grande. As possibilidades de se trabalhar com isso são infindas(cada vez mais penso em direcionar minha formação acadêmica pro lado do estudo da cultura popular, vamos ver), e acho que se misturar um pouquinho mais de engajamento político, fica maravilhoso, e transmitir, sempre transmitir essa energia pras pessoas, e crianças, e sempre, sempre acreditar que a mudança é possível, e por quê não fazê-la com uma trilha sonora inspirante?

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